07 abril 2007

FERNANDO PESSOA

Todas as horas são horas de ler poesia...



(ilust. Rogério Coelho)

Havia um menino,

que tinha um chapéu

para pôr na cabeça

por causa do sol.

Em vez de um gatinho
tinha um caracol.
Tinha o caracol
dentro de um chapéu;
fazia-lhe cócegas
no alto da cabeça.

Por isso ele andava
depressa, depressa
p’ra ver se chegava
a casa e tirava
o tal caracol
do chapéu, saindo
de lá e caindo
o tal caracol.

Mas era, afinal,
impossível tal,
nem fazia mal
nem vê-lo, nem tê-lo:
porque o caracol
era do cabelo.
Estes poemas são de Fernando Pessoa, um poeta que nasceu em Lisboa e logo aos 7 anos escreveu:
« À minha querida Mamã:
Eis-me aqui em Portugal
Nas terras onde nasci.
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti»

e gostava de brincar assim com as palavras:


Toda a gente que tem as mãos frias
Deve metê-las dentro das pias.

Pia número um
Para quem mexe as orelhas em jejum.
Pia número dois,
Para quem bebe bifes de bois.
Pia número três,
Para quem espirra só meia vez.
Pia número quatro,
Para quem manda as ventas ao teatro.
Pia número cinco,
Para quem come a chave do trinco.
Pia número seis,
Para quem se penteia com bolos-reis
Pia número sete,
Para quem canta até que o telhado se derrete.
Pia número oito,
Para quem parte nozes quando é afoito.
Pia número nove,
Para quem se parece com uma couve.
Pia número dez,
Para quem cola selos nas unhas dos pés.
E, como as mãos já não estão frias,
Tampa nas pias!

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