03 abril 2007

A BELA MANDARINA

Todos os dias são dias de ler uma história...
Era uma vez, na velha China dos mandarins,
um grande senhor rico e poderoso. Era o Mandarim!
Vivia no alto de uma montanha, no seu palácio de bambu
e desde ali via todas as suas terras.
O Mandarim era grande e gordo, como o seu coração:
nele cabiam todos os seres.
A sua esposa, a Mandarina, era muito diferente:
pequena e bonita, mas no coração dela só havia espaço para ela.
O Mandarim gostava muito da esposa dele
e não via como era pequeno o seu coração,
deslumbrado pela sua cara bonita.
Todas as tardes, passeavam pela horta que rodeava o palácio,
cheia de laranjeiras, e apanhavam as laranjas
mais bonitas para lanchar.
Uma manhã, estava a bela Mandarina

a passear sozinha por entre as árvores,
quando viu junto a um taipal,

um mendigo que estava a olhar para ela.
(Mas não era um mendigo: era um mago disfarçado)
Sem se aproximar muito, disse-lhe ela:
- Sai do meu jardim, ou chamo o Mandarim para te mandar embora!
- Bela Mandarina, tenho sede.
-Dá-me uma das tuas laranjas, por favor- suplicou o mendigo.
-Nem penses!
As minhas laranjas são muito bonitas e tu és só um velho
feio e sujo – respondeu a Mandarina.
O mendigo insistiu:
-Tu tens muitas e eu só te peço uma, mesmo que seja a mais pequena.
Mas a Mandarina recusou-se

e começou a chamar aos gritos o Mandarim.
Então, o mendigo transformou-se em mago e,
com a sua varinha mágica na mão, disse-lhe:
- Para aprenderes a ser generosa, vou-te transformar em árvore
e darás saborosos frutos a todos os que passarem pelo caminho.
O teu coração ficará maior e todos vão gostar de ti.
E transformou-a numa árvore pequena, cheia de pequenas laranjas.
Quando chegou o Mandarim não encontrava a sua esposa,

a bela Mandarina. E passou horas a procurá-la por entre as árvores.
Ao cair da tarde, cansado e triste, encontrou a nova árvore e pensou:
“O que faz esta arvorezinha entre as minhas laranjeiras?
E porque as suas laranjas são tão pequeninas?”
Apanhou uma fruta, provou-a

e o seu sabor doce lembrou-lhe a esposa dele.
Desde então, todas as tardes, passeava até à arvorezinha,

sempre carregada de frutas,
e lanchava uma delas, às quais chamou mandarinas,

em honra de sua esposa, a bela Mandarina.
E, mesmo que não acreditem, isto não é um conto da China!

texto: Laura Pons Vega
ilustrações: Elena Odriozola
edição: ItsImagical

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